CIDADEZINHA QUALQUER
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar… as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
CIDADEZINHA QUALQUER
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar… as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
Hoje, 23 de abril, é comemorado o Dia Mundial do Livro. E como nós acreditamos que o gosto pela literatura começa ainda na infância, quando os livrinhos de cores e animais dão lugar às primeiras histórias de fantasia, povoando a imaginação dos pequenos com fadas e cavaleiros, achamos que este aqui também é um espaço para incentivar a leitura desde os primeiros anos de vida.
https://www.instagram.com/p/BEYqHRVzI-3/?tagged=manuelbandeira
Clique aqui para ver o que já publicamos sobre Manuel Bandeira 😉
Quando começamos a escolher as primeiras poesias que publicaríamos aqui no blog, logo nos veio a ideia de ir além dos três autores propostos. Isso porque ao pensar em poetas e outros artistas que não escreviam especificamente para crianças, mas que em meio a uma vasta obra também fizeram grandes trabalhos para o público infantil, diversos nomes foram lembrados. Um deles, claro, é Vinicius de Moraes – e este post é sobre ele ♥
POEMA PIAL
Toda a gente que tem as mãos frias
Deve metê-las dentro das pias.
Pia número UM
Para quem mexe as orelhas em jejum.
Pia número DOIS,
Para quem bebe bifes de bois.
Pia número TRÊS,
Para quem espirra só meia vez.
Pia número QUATRO,
Para quem manda as ventas ao teatro.
Pia número CINCO,
Para quem come a chave do trinco.
Pia número SEIS,
Para quem se penteia com bolos-reis
Pia número SETE,
Para quem canta até que o telhado se derrete.
Pia número OITO,
Para quem parte nozes quando é afoito.
Pia número NOVE,
Para quem se parece com uma couve.
Pia número DEZ,
Para quem cola selos nas unhas dos pés.
E, como as mãos já não estão frias,
Tampa nas pias!
TREM DE FERRO
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
QUADRILHA
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
PORQUINHO-DA-ÍNDIA
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .
— O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Recém-lançado em Portugal pela editora Parceira A.M. Pereira, As Aventuras de Fernando Pessoa, Escritor Universal já tem encantado leitores e fãs do poeta português. A publicação é uma biografia em quadrinhos – ou em banda desenhada, como se diz em terras lusitanas – do autor Miguel Moreira.